A Quarta Revolução industrial, definiu novas formas de produção, aumentou exponencialmente a produtividade realocando a força de trabalho humana para funções cada vez mais sofisticadas. Hoje as linhas de produção são ultra- modernas, automatizadas e muitas já usam a Inteligência artificial. Seja na produção de automóveis ou de fraldas descartáveis, vemos poucas pessoas envolvidas. Os cargos remanescentes são de engenheiros de produção e operadores de máquina com alto nível de conhecimento técnico. Hoje não existe dúvida de que essa mudança aumentou a produtividade e a riqueza pelo mundo, ainda que muitos empregos na base tenham deixado de existir.
Vivemos um momento de disruptura com a Transformação Digital e mudança no comportamento dos consumidores. Empresas como Uber, Ifood e Airbnb, revolucionaram o mercado com plataformas que conectam clientes e produtos de forma muito mais ágil e eficiente gerando renda para uma outra parcela da população.
Uma outra revolução também está ocorrendo nas mesas de operação de Fundos de Investimento. O que antes era decidido e executado pelos Traders, hoje pode ser automatizado para acontecer em frações de segundo e sem a necessidade de intervenção humana.
Estima-se que nos EUA quase 90% das operações sejam realizadas por estratégias computadorizadas.
As possibilidades são vastas e os tipos de estratégias ficam mais complexas a cada dia. A maioria ainda se utiliza da análise gráfica ou estatísticas por meio de estudos de identificação para capturar tendências de curto e médio prazo. Entre setembro e dezembro de 2018 uma queda mais intensa de preços das ações americanas tiveram como “culpados” os Fundos de algoritmos que identificaram esse inicio de realização e começaram a vender posições de forma sistemática, reforçando ainda mais o movimento de queda.
De forma geral, foi um período caótico e gerou um princípio de pânico nos mercados, porém os Fundos que se utilizaram das estratégias automatizadas conseguiram gerar lucro aos cotistas naquele momento. Este é um ponto interessante da questão: quando analisamos os Fundos Quantitativos com relação aos demais Fundos que não usam robôs, vemos uma forte descorrelação de performance. Isso quer dizer que em momentos de queda mais brusca, quando a média dos Fundos e dos ativos de risco sofrem bastante, os Fundos Quantitativos, em tese, têm mais condições de passar por este período com desempenho bem acima da média.
Esta constatação não pode ser peremptória, mas estatisticamente vemos que a classe de Fundos de algoritmos tende a se sair melhor em períodos mais turbulentos. Portanto, é importante considerar alocar uma parte de uma carteira de investimentos em Fundos desta categoria de modo a compor uma eficiente diversificação entre classe de ativos, principalmente quando se possui exposição em Fundos Multimercado e de Ações como tem sido o caso da maioria das carteiras recomendadas uma vez que os juros estão historicamente baixos.
No Brasil, esta classe de Fundos ainda não possui muitos participantes, mas está expandindo rapidamente e vemos cada vez mais fluxo de captação para Gestoras com essa característica. Dentre elas podemos citar três de maior destaque: Kadima, Giant Steeps (Visia) e Seival que possuem seus Fundos distribuídos pela Plataforma da XP investimentos.
Para exemplificar o que foi dito – usar estes Fundos como forma de uma eficiente diversificação da carteira – ao observarmos o desempenho deles de 30 de abril de 2018 a 29 de junho de 2018 (período que corresponde à greve dos caminhoneiros e que trouxe forte aversão a risco no mercado), vemos que o desempenho deles foi de 2,44 a 17,77% (235% a 1.712% CDI no período). Enquanto alguns nomes conhecidos como Adam, Verde e Bahia Maraú perderam entre -0,17% a -3,08%, corroborando a tese de que em uma eventual carteira com Fundos Multimercado a adição de Fundos Quantitativos teria absorvido para das perdas e, eventualmente, até blindado o investidor com um retorno acima do CDI em um período significativamente difícil para toda a indústria.