O mercado financeiro sempre foi um ramo de conteúdo áspero para muita gente, o que cria uma aura de superioridade no ego dos profissionais que atuam nele, como se obtivessem informação e conhecimento muito além dos reles mortais que habitam a superfície da terra quando o assunto é investimentos.
No entanto essa crise provou que o mercado pode ser democrático e arrastar investidores de todos os níveis para rentabilidades negativas de dois dígitos em um curto espaço de tempo, antes que percebam o tamanho do buraco onde estão.
Gestores ovacionados ha até 1 mês atrás, viram o patrimônio dos seus fundos derreterem cifras de bilhões em poucas semanas. No início, ainda provocavam afirmando que estavam aproveitando as quedas para comprar mais, enquanto os medrosos vendiam – isso era quando o Ibovespa ainda estava em 90 mil pontos.
Hoje, estamos há um pouco mais de 1 mês desde o início da venda desenfreada e chegamos a 76 mil pontos. O discurso agora mudou e gestores renomados já pedem desculpas públicas pela desvalorização tão abrupta da cota dos fundos. Justificam que o modelo de risco que usavam, não funcionou como deveria, uma vez que para prever o futuro, são feitos cálculos estatísticos baseados em históricos passados. Só não contavam que no futuro, poderiam acontecer coisas que nunca ocorreram antes. Isso não deveria ser óbvio? Talvez! Isso já aconteceu antes na história de maneira ainda mais dramática e quebrou a lendária LTCM em 1998, fundado por ganhadores do prêmio nobel de economia. Irônico, não?
Apesar da perda de patrimônio trilionária que estamos vendo ao redor do mundo, me parece que o momento tem levado os profissionais da área a refletir sobre a própria capacidade de saber com exatidão para onde o mercado vai, alguns tinham certeza que eram visionários neste sentido, mas isso, ninguém nunca ninguém sabe! “O problema com especialistas é que eles não sabem o que não sabem” – Nassim Taleb
O famoso trader Nassim Taleb é reconhecido mundialmente por afirmar publicamente a sua própria ignorância quanto ao futuro dos acontecimentos, por isso mesmo está sempre preparado para caso aconteça o pior. Pelo visto, a maioria dos investidores e gestores não seguiram a cartilha da humildade e amargaram extensos prejuízos financeiros. Se a perda da soberba também vier acompanhada da perda financeira, talvez tenha sido uma troca justa.